Erva graminóide, rizomatosa, perene, presente nas lamas da maré baixa.
Nome científico: Spartina densiflora Brongon.
Nome vulgar: spartina
Família: Poaceae (Gramineae)
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).
Nível de risco: 14 | Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.
Sinonímia: Chauvinia chilensis Steud., Spartina densiflora Brongn. var. typica St.-Yves subv. brongniartii St.-Yves, Spartina densiflora Brongn. var. typica St.-Yves, nom inval., Spartina densiflora Brongn. var. typical St.-Yves subv. pauper St.-Yves, Spartina juncea Willd. var. laxiflora St.Y.ves, Spartina juncea Willd. var. montevidensis (Arechav.) St.-Yves, Spartina montevidensis Arechav., Spartina patagonica Speg.
Data de atualização: 04/09/2023
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Como reconhecer
Erva rizomatosa formando um tufo denso. Colmos de até 150 cm, glabros, robustos.
Folhas: enroladas, com 3-8 mm de largura quando planas.
Flores: espiguetas com 1 (raramente 2) flor, com 7-10 mm, esverdeadas, por sua vez reunidas em espigas geralmente sobrepostas e muito aplicadas ao eixo, lineares, com 3-6 cm, agrupadas (2-15) em inflorescências eretas com 10-30 cm; glumas glabras ou puberulentas, lanceoladas, com 1 nervura escábrida, a inferior com 1,5-4 mm, a superior com 7-14 mm.
Frutos: cariopses lineares.
Floração: junho a dezembro.
Espécies semelhantes
Spartina patens (Aiton) Muhl., frequente no mesmo tipo de habitats, tem alguma semelhança, mas forma um tufo pouco denso, com rizoma rastejante; as folhas são mais largas (0,8-1,5 mm); as espiguetas são menores que 7 mm, verde-amareladas ou violetas, e reúnem-se em espigas lineares, um tanto afastadas, por sua vez reunidas (2 a 6) em inflorescências com 10-16 cm.
Características que facilitam a invasão
Reproduz-se vegetativamente através de fragmentos dos caules que enraízam facilmente.
Também se reproduz por via seminal; produz muitas sementes (cerca de 2000 sementes/planta) as quais são dispersas pela água o que favorece a expansão da área invadida.
Área de distribuição nativa
América do sul (Chile).
Distribuição em Portugal
Portugal continental (Algarve). Há algumas referências para a sua distribuição mais a norte.
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Spartina densiflora
Outros locais onde a espécie é invasora
África (Marrocos), oeste dos EUA (Califórnia) e Europa (Espanha).
Razão da introdução
Provavelmente acidental.
Ambientes preferenciais de invasão
Apresenta grande valência ecológica, adaptando-se a diferentes factores ambientais (salinidade, inundação) e habitats.
Meio marítimo e lamas das marés baixas. Também surge em estuários.
Desenvolve-se em solos mal drenados ou locais perturbados onde se alteraram as condições de drenagem ou os padrões de acumulação de sedimentos.
Impactes nos ecossistemas
Cresce rapidamente, formando populações muito densas e impenetráveis, que impedem a desenvolvimento da vegetação nativa.
Impactes económicos
Custos elevados na aplicação de medidas de controlo.
Habitats Rede Natura 2000 mais sujeitos a impactes
– Estuários (1130);
– Prados de Spartina (Spartinion maritimae) (1320);
– Prados salgados atlânticos (Glauco-Puccinellietalia maritimae) (1330);
– Prados salgados mediterrânicos (Juncetalia maritimae) (1410);
– Matos halófitos mediterrânicos e termoatlânticos (Sarcocornetea fruticosi) (1420).
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de controlo usadas em Spartina densiflora incluem:
Controlo físico
Arranque manual/mecânico: metodologia preferencial para áreas invadidas de pequena dimensão. Em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Deve garantir-se que não ficam rizomas ou fragmentos de maiores dimensões no solo.
Corte: metodologia preferencial para áreas invadidas de maiores dimensões. Corte da parte área com recurso a equipamento mecânico (por ex. motoroçadora).
Controlo químico
Aplicação foliar de herbicida. Pulverizar com herbicida (princípio ativo: glifosato em formulações adaptadas a ambientes aquáticos) limitando a aplicação à espécie-alvo.
Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.
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