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Solanum mauritianum

Nova espécie: 

Arbusto a pequenas árvore com muitos pelos, flores violetas agrupadas em inflorescências nas partes terminais da planta e bagas amarelo-alaranjadas com pelos.

Nome científico: Solanum mauritianum Scop.

Nome vulgar: tabaqueira, fona-de-porca

Família: Solanaceae

Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).

Nível de risco: Em avaliação para Portugal. Atualizado em 31/07/2020.

Sinonímia: Solanum auriculatum Ait., Solanum carterianum Rock., Solanum tabacifolium Vell. and Solanum verbascifolium var. auriculatum (Ait.) Ktze

Data de atualização: 29/07/2023

Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã  "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização desta espécie onde a observar.

Família: 

Como reconhecer

Arbusto a pequena árvore de até 4 (12) m; inerme, densamente pubescente com pelos estrelados.

Folhas: alternas, grandes (20-35 x 6-11 cm), verde mais escuro na página superior e mais claras na inferior, pubescentes, ovado-elípticas, acuminadas, inteiras.

Flores: ca. 2 cm Ø, hermafroditas, com cálice de 5 lobos densamente pubescentes, corola de 5 lobos violeta, anteras amarelas juntas, reunidas em inflorescências corimbiformes.

Frutos: baga com ca. 1,5 cm Ø, pubescente, amarelo-alaranjada.

Floração: maio a junho

Espécies semelhantes

Na região de origem há outras espécies de Solanum semelhantes a S. mauritianum mas não há registos da sua presença em Portugal.De entre as espécies de Solanum, presentes em Portugal (incluindo nativas e exóticas), nenhuma se confunde por terem tamanhos, pubescências e/ou cor da flores bem diferentes.

Características que facilitam a invasão

Produz muitos frutos (e sementes) que são dispersos por aves frugívoras. Também é dispersa por animais e a partir de “desperdícios” de jardins.

Área de distribuição nativa
América Central (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai).

Distribuição em Portugal
Portugal continental (Douro Litoral, Beira Litoral), Açores (Flores, Faial, Pico, S.Jorge, Terceira, S. Miguel, Santa Maria) e Madeira (Ilha da Madeira).

Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.

Áreas geográficas onde há registo da presença de Solanum mauritianum

Outros locais onde a espécie é invasora
África (e.g., África do Sul, Camarões, Madagáscar, Quénia, Uganda, Zimbabué), América (Cuba, EUA), Ásia (Índia), Ilhas do Pacífico e Oceânia (Austrália, Nova Zelândia).

Razão da introdução

Provavelmente introduzida como ornamental.

Ambientes preferenciais de invasão
Surge junto a povoações, margem de bosques perturbadas, linhas de água e caminhos, clareiras, baldios, áreas cultivadas e incultos. Espécie ruderal.

Impactes nos ecossistemas

Os povoamentos densos são capazes de inibir o crescimento de outras espécies de plantas através de densidades elevadas e sombreamento, constituindo uma ameaça grave à biodiversidade em vários locais. As florestas naturais são particularmente suscetíveis à invasão, em grande parte porque as aves frugívoras, principais dispersores das sementes das plantas florestais, alteraram a sua dieta para os frutos de S. mauritianum em detrimento das plantas anteriores.

Impactes económicos
Consegue diminuir o sucesso de florestas comerciais (dificulta a sobrevivências das plântulas e jovens plantas), aloja pragas agrícolas, e implica custos elevados em operações de controlo

Outros impactes

Pode causar envenenamento de gado e representa riscos para a saúde humana já que os caules e folhas podem ser irritantes e causar problemas respiratórios, especialmente quando se desprendem durante as operações de controlo.

O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação.

Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.

As metodologias de gestão e controlo usadas em Solanum mauritianum incluem:

Medidas preventivas

Como prioridade, devem adotar-se medidas preventivas que impeçam o estabelecimento desta espécie (e de outras invasoras) em novos locais, que incluam, por exemplo:

Controlar o destino dos solos "contaminados" com fragmentos e/ ou sementes de forma a evitar a criação de novos focos de invasão noutros locais.

Sensibilização do público: é essencial informar e educar o público sobre os perigos desta e de outras espécies invasoras, através de campanhas dedicadas, incluindo informação clara sobre a sua não utilização, impactes envolvidos e formas de dar o alerta precoce no caso de observação da espécie em novos locais.

Apostar no bom estado de conservação de habitats naturais e no restauro dos habitats alterados/ intervencionados, o que ajudará a evitar o estabelecimento e a expansão desta (e de outras) invasora.

Ciência-cidadã: registar esta (e outras) espécie invasora é importante para fazer um ponto da situação que facilite o estabelecimento de prioridades e definição de estratégias no futuro. Esse registo depende em parte de voluntários, amantes da natureza, cidadãos cientistas e também técnicos que estejam alerta e registem as suas observações, por exemplo, no projeto de ciência cidadã "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist.

Controlo físico / mecânico

Arranque manual ou corte (metodologia preferencial): visa principalmente a prevenção da frutificação, e podem incluir o abate de árvores grandes, o corte de plantas mais pequenas, e o arranque manual de plântulas < 1 m em solos soltos e húmidos; sendo aplicado na época das chuvas facilita a remoção do sistema radicular. As raízes que se quebram ou são cortadas com enxadas regeneram vegetativamente; as touças também regeneram de forma vigorosa formando vários caules, o que torna as intervenções seguintes mais difíceis e dispendiosas.

Descasque em anel: aplica-se às árvores é eficaz no controlo de pequenas infestações, mas exige muita mão de obra.

Controlo químico

Aplicação de herbicida: é uma das formas mais eficaz de controlar S. mauritianum, incluindo métodos de aplicação como:

- pulverização foliar de plântulas e rebentos

- tratamentos basal do tronco

- aplicação no tronco cortado imediatamente após o corte.

As aplicações de herbicidas durante o período de crescimento das plantas costuma dar melhores resultados.

Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomendada a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).

Controlo Biológico

O percevejo sugador de seiva Gargaphia decoris (Tingidae), foi libertado em 1999 na África do Sul, pela 1ª vez, e em 2010 na Nova Zelândia com resultados muito variáveis.

O gorgulho comedor de botões florais Anthonomus santacruzi (Curculionidae) que impede a frutificação, foi libertado na África do Sul em 2008.

Esta planta é um alvo difícil para o controlo biológico devido à existência de plantas cultivadas e nativas do género Solanum.

Nenhum destes agentes está disponível para libertação em Portugal.

A integração de controlo físico, químico e biológico pode trazer os melhores resultados.

 

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.

CABI (2023) Solanum mauritianum. In: Invasive Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: www.cabi.org/isc [Consultado 29/07/2023].