Erva perene, tóxica, lenhosa na base, ramificada, de até 1 m, com folhas estreitas e flores amarelas reunidas em capítulos com 18-25 mm Ø, alinhados no topo da planta.
Nome científico: Senecio inaequidens DC.
Nome vulgar: senécio-do-cabo, senécio-de-folhas-estreitas
Família: Asteraceae (Compositae)
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).
Nível de risco: Em avaliação para Portugal. Atualizado em 31/07/2020.
Sinonímia: Senecio burchellii auct.; Senecio lautus auct.; Senecio reclinatus Viegi L. Cela Renzoni G. & Garbari; Senecio linifolius Viegi L.; Senecio harveianus MacOwan; Senecio vimineus (auctt. non DC. & Harv.) DC.
Data de atualização: 29/07/2023
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Como reconhecer
Erva perene, lenhosa na base, ramificada, de até 1 m.
Folhas: alternas, lineares a elíptico-lanceoladas, com 2-10 mm de largura mas variáveis, ápices agudos, irregularmente dentadas, tendencialmente mais recortadas na parte superior.
Flores: amarelas reunidas em capítulos com 18-25 mm Ø, flores liguladas, na margem do capítulo, femininas; flores tubulosas, no centro do capítulo, hermafroditas; capítulos reunidos em corimbos.
Frutos: cipselas com 2-2,5 mm, cilíndricos, pubescentes entre as costas, com papilhos brancos, facilmente destacados.
Floração: maio a outubro.
Espécies semelhantes
Pode confundir-se com espécies de Senecio de flores amarelas, nomeadamente exóticas, sendo mais difícil confundi-lo com espécies de Senecio nativas as quais, de forma geral, se tiverem muitas flores liguladas (como S. inaequidens; mas algumas espécies têm apenas 5 - 6 lígulas), flores liguladas bem visíveis (algumas têm lígulas muito curtas) e porte semelhante (chega a 1 m e muitas espécies nativas são mais pequenas; e não é trepadeira), têm as folhas mais largas, pelo menos as da base, do que S. inaequidens cujas folhas têm frequentemente até 1 cm de largura (com alguma variação).
Características que facilitam a invasão
Produção de um grande número de sementes (cada indivíduo é capaz de produzir entre 10 000 e 29 000 sementes) facilmente dispersas pelo vento, as quais se podem formar quase todo o ano em Portugal. Também é capaz de propagar-se vegetativamente pelo enraizamento de caules fragmentados. As sementes (dentro dos frutos) podem permanecer viáveis por pelo menos 2 anos quando armazenados em local seco. É uma espécie oportunista com a capacidade de colonizar uma ampla gama de habitats. O crescimento e o desenvolvimento são favorecidos pela solos húmidos e ricos em nutrientes.
Área de distribuição nativa
África do Sul (Cabo e KwaZulu-Natal).
Distribuição em Portugal
Portugal continental (Minho)
Talvez chegado ao nosso país na década de 2000 - sabe-se que em 2009 já existia em Portugal - inicialmente confinado ao litoral de Viana do Castelo), tem-se revelado uma invasor muito agressivo, florescendo durante praticamente todo o ano (Paulo Alves: Flora-On, 2018)
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Senecio inaequidens
Outros locais onde a espécie é invasora
Europa (Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Espanha, França, Itália - incluindo Sardenha -, Países Baixos e Suíça).
Razão da introdução
A planta espalhou-se rapidamente pela Europa Central e do Norte após introdução acidental através das importações de lã da África do Sul. Desconhece-se como terá sido introduzida em Portugal.
Ambientes preferenciais de invasão
Dunas litorais e zonas costeiras ruderalizadas. Uma vez que os frutos são dispersos pelo vento, é muito provável que se espalhe ainda mais por estradas e ferrovias. Como o seu nicho atual difere em grande parte do seu nicho de equilíbrio, é de se esperar que se espalhe para arrelvados e pastagens no futuro próximo.
Impactes nos ecossistemas
Apesar de ainda não estarem descritos impactes diretos de S. inaequidens na biodiversidade, provavelmente porque a espécie até agora tem colonizado principalmente habitats ruderais, perturbados, é muito provável que tenha impactes na biodiversidade das áreas mais naturais (e.g., dunas) que invade. Algumas experiências sugerem que S. inaequidens não tem efeitos alelopático noutras espécies.
Nas áreas invadidas na Europa, a presença de S. inaequidens parece não ter influência nas taxas de visitas aos polinizadores à espécie nativa Jacobaea vulgaris.
Impactes económicos
Atualmente, os impactes económicos quantificados não são relevantes, embora isso possa mudar se as preocupações com S. inaequidens, que está no processo de colonização de pastagens intensamente utilizadas no sul da Europa e de vinhedos, forem confirmadas. Embora S. inaequidens ocorra frequentemente ao longo de ferrovias e rodovias, até ao momento não foram relatados outros custos além dos custos normais de manutenção.
Pode ser tóxico para vacas, ovelhas e cavalos. Se se espalhar ainda mais em terras aráveis, isso poderá causar impactes económicos significativos.
Outros impactes
É possível que S. inaequidens cause problemas na saúde humana já que o envenenamento por alcalóide de pirrolizidina (AP) em humanos foi descrito devido a farinha de trigo contaminada com folhas e frutos de outras espécies de Senecio (S. ilicifolius, S. burchellii, S. vulgaris). Não se encontraram registos de casos de morte humana causados pelas AP derivadas do consumo de S. inaequidens.
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de controlo usadas em Senecio inaequidens incluem:
Controlo físico / mecânico
Arranque (metodologia preferencial): a remoção manual é eficaz desde que se removam as raízes principais ( mais fácil em períodos de chuva, quando ocorre em solos mais compactados) e seja realizada antes de se formarem as sementes.
Corte: experiências em que S. inaequidens foi roçado a cada 45 dias levou a uma redução de sementes no solo; no entanto, a espécie regenera vegetativamente.
Nas áreas onde é provável a invasão por S. inaequidens (e.g., nas imediações de áreas onde está estabelecido), deve fazer-se a monitorização após períodos de chuva, pois a humidade e eventual perturbação provavelmente aumentará a disseminação da espécie.
Controlo químico
Experiência de controlo químico revelam mais eficácia se o herbicida for aplicado à planta antes de 40 dias após a germinação, pois nesta é nesta fase que é formada uma estrutura em roseta que torna a planta mais resistente aos herbicidas.
Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomendada a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Controlo biológico
A competição e o pastoreio com coelhos reduziram significativamente o crescimento e a reprodução de S. inaequidens numa experiência, mas os rebentos que se formam parecem ser desagradáveis para coelhos.
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta destas metodologias.
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