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Pueraria lobata

Nova espécie: 

Trepadeira perene, semi-lenhosa, com até 30 m de comprimento e caules com 1-10 cm ø, com folhas com 3 folíolos grandes (ca. 4cm ø) e pecíolo longo, com flores roxas, vistosas, reunidas em cachos que saem da axila das folhas.

Nome científico: Pueraria lobata (Willd.) Ohwi (= P. montana var. lobata)

Nome vulgar: kudzu

Família: Fabaceae (Leguminosae)

Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho) e a Lista de Espécies Exóticas Invasoras que suscitam preocupação na União Europeia (Reg. UE 1143/2014, de 22 de outubro).

Nível de risco: Em avaliação para Portugal. Atualizado em 31/07/2020.

Sinonímia: Pueraria montana var. lobata (Willd.) Sanjappa & Pradeep; Pueraria lobata subsp. chinensis (Ohwi) Ohwi; Pueraria lobata var. chinensis Ohwi; Pueraria lobata subsp. lobata; Pueraria lobata var. montana (Lour.) Maesen; Pueraria lobata subsp. thomsonii (Benth.) H.Ohashi & Tateishi; Pueraria lobata var. thomsonii (Benth.) Maesen; Pueraria lobata subsp. thomsonii (Benth.) Ohashi & Tateishi; Pueraria montana (Lour.) Merr.; Pueraria montana var. chinensis (Ohwi) Sanjappa & Pradeep; Pueraria montana var. lobata (Willd.) Sanjappa & Pradeep; Pueraria montana var. montana; Pueraria montana var. thomsonii (Benth.) Wiersema ex D.B. Ward; Pueraria montana var. thomsonii (Benth.) M.R. Almeida

Data de atualização: 28/08/2024

Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização desta espécie onde a observar.

 

Porte: 

Como reconhecer

Trepadeira perene, semi-lenhosa, com até 30 m. Raízes carnudas, tuberosas, de até 2 m e 18-45 cm de largura. Caules até 30 por planta, com 1-10 cm Ø.

Folhas: caducas, alternas, trifolíoladas, folíolos grandes com 8-20 cm x 5-19 cm, 2-3 lobados (mais raramente inteiros) com pelos nas margens.

Flores: com ca. 1 cm, roxas ou azuladas com mancha amarela no centro, perfumadas, reunidas em cachos com ca. 10-25 cm.

Frutos: vagens com pelos dourados, com 4-13 x 0,6-1,3 cm, achatadas, contendo 3 - 10 sementes.

Floração: julho a outubro.

Espécies semelhantes
Grosseiramente, o kudzu é semelhante aos feijoeiros (Phaseolus vulgaris), mas distinguem-se porque o kudzu produz grandes raízes tuberosas subterrâneas com até 2 m de comprimento e 15 cm de largura e é uma trepadeira com base lenhosa, o que não acontece com o feijoeiro, e as suas vagens são cobertas por pelos enquanto as vagens de feijoeiro são glabras, sem pelos. Outras espécies de Pueraria, sem registos em Portugal, são semelhantes mas não têm as raízes tuberosas e as vagens são mais estreitas (até 5mm de largura).

Características que facilitam a invasão
Propaga-se por semente e vegetativamente (os nós enraizam quando em contacto com o solo), com ajuda de animais ou do Homem (em solo contaminado, forragens, etc.) Pode crescer até 25 cm por dia ou 18 m por época de crescimento. A sua dispersão é promovida pelo homem ao usá-la como ornamental, como forragem de gado e, em alguns locais (e.g. no sudeste dos E.U.A.), como estabilizador dos solos para controlo da erosão.  A combinação de crescimento extremamente rápido, capacidade de crescer sobre outras plantas, a formação de raízes onde os nós entram em contato com o solo, os grandes tubérculos de armazenamento e a existência de poucos inimigos naturais facilitam muito a invasão por kudzu.

Área de distribuição nativa
Extremo Oriente (China, Coreia, Japão) e Sudeste Asiático.

Distribuição em Portugal

Portugal continental (Beira Litoral) e Arquipélago dos Açores (S. Miguel e Faial).

Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no Biodiversity4ll (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.                                 

Outros locais onde a espécie é invasora
América do Norte (México e E.U.A.), América do Sul (Brasil e Paraguai), Oceânia (Austrália, Nova Zelândia, Ilha de Norfolk, Nova Caledónia e Polnésia Francesa), África (Serra Leoa e África do Sul), Europa (Itália e Suíça) e Ásia (Índia).

Razão da introdução

Nos locais onde ocorre a introdução foi frequentemente intencional para cultura de forragem e para o controlo da erosão e estabilização de taludes de novas vias de comunicação. É também introduzida na natureza de forma acidental após esacapar do cultivo ornamental.

Ambientes preferenciais de invasão
Esta trepadeira oportunista cresce em numerosos habitats, incluindo bosques, florestas plantadas, ao longo de cursos de água e de bermas de estradas, nas margens de campos, em campos abandonados, em aterros e ao longo de cercas, sendo frequentemente vista a envolver árvores que mata, em postes e fios telefónicos e em veículos e prédios abandonados. Cresce bem em muitos tipos de solo, incluindo solos pobres em nutrientes, arenosos e com alto teor de argila, preferindo no entanto solos argilosos bem drenados

Impactes nos ecossistemas

É principalmente uma invasora de habitats perturbados, mas quando invade áreas naturais, consegue ocultar completamente e matar árvores e outras plantas ao crescer sobre elas.
Existe um potencial óbvio de dano, porque poucas plantas podem sobreviver uma vez sufocadas pelo kudzu e pequenos ecossistemas podem ser radicalmente alterados pela sua invasão.
Está associada a bactérias fixadoras de azoto, aumentando o seu conteúdo mo solo; no entanto, uma vez invadida a área por kudzu, nada mais pode crescer no local.

Impactes económicos
Estimativas recentes da invasão por kudzu no sudeste dos EUA apontam para milhões de hectares invadidos, incluindo áreas perturbadas, naturais e até construídas, sendo que os custos de eliminação do kudzu os tornam proibitivos em muitos dos locais.

O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.

As metodologias de gestão e controlo usadas em Pueraria lobata incluem:

Medidas preventivas

Alerta precoce: considerando que não há ainda registos desta espécie em Portugal Continental, a deteção precoce é fundamental e depende em parte de voluntários, amantes da natureza, cidadãos cientistas e também técnicos que estejam alerta e registem as suas observações, por exemplo, no projeto de ciência cidadã "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist.

Resposta rápida: é crucial que no caso de deteção precoce exista, por parte das entidades responsáveis, uma resposta rápida e atempada a fim de eliminar as plantas e impedir o seus estabelecimento e a sua disseminação.

Sensibilização do público:  é essencial informar e educar o público sobre os perigos desta e de outras espécies invasoras, através de campanhas dedicadas, incluindo formas de darem o alerta precoce no caso de observação da espécie.

Apostar no bom estado de conservação de ecossistemas e no restauro dos ecossistemas alterados/ intervencionados, ajudará a evitar o estabelecimento e a expansão desta invasora.

Controlo físico
Corte: quando as áreas invadidas não são muito extensas, o corte frequente acaba por esgotar as reservas armazenadas da planta, matando o kudzu. Devido à taxa de crescimento muito rápida, todas as plantas detetadas numa área devem ser mortas ou ocorrerá reinvasão rápida.
Queima: no início da primavera pode dar resultado positivo.

Controlo químico
A aplicação repetida de herbicidas por um período de 4-10 anos pode produzir bons resultados.  No entanto, os resultados dependem de vários fatores, incluindo idade e vigor do kudzu, o qual regenera se uma única touça/ raiz for deixada sem tratamento, embora vários procedimentos possam melhorar a eficácia do tratamento com herbicida.
A aplicação de herbicida após a queima, prescrita no início da primavera, matará pequenas plantas de kudzu.

Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomendada a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).

Controlo biológico
Os agentes de controlo biológico testados nos E.U.A. incluem fungos micocidas nativos de entre os quais se referem:
- O fungo Pseudomonas syringae pv. phaseolicola [P. savastanoi pv. phaseolicola] é capaz de causar mortalidade em plantas jovens e velhas de kudzu, embora em condições secas não seja tão eficaz;
- O fungo Myrothecium verrucaria é muito eficaz se a temperatura do ar for de  30-40 ° C, sugerindo que esse micoherbicida poder ser muito ativo no verão e, se complementado com um surfactante organossilício. No entanto, a sua toxicidade (tem tricotecenos macrocíclicos) para seres humanos e animais e a alta toxicidade em mamíferos indicam que deve ter-se extremo cuidado ao manusear o micélio, os esporos ou qualquer outro tipo de formulação para aplicação no campo;

Nos E.U.A., vários fungos, incluindo s espécies  dos géneros Alternaria e Fusarium, continuam a ser testados como potenciais agentes de biocontrolo contra uma variedade de invasoras e foram testados contra o kudzu (obtendo bons resultados com A. helianthi, F. solani e F. polyphialidicum).
Embora tenha sido feita uma tentativa de usar o patógeno da ferrugem-da-soja (Phakopsora pachyrhizi) no controle biológico do kudzu nos E.U.A., existe uma preocupação de que isso possa afetar as culturas de soja

 

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.

CABI (2020). Pueraria lobata. In: Invasive Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: www.cabi.org/isc [Consultado 31/05/2020].

Dipartimento di Scienze della Vita dell’Università di Trieste (2019). Pueraria lobata (Willd.) Ohwi. Portale della Flora d'Italia / Portal to the Flora of Italy , Projetto DRYADES Disponível: http://dryades.units.it/floritaly http://dryades.units.it/euganei/index.php?procedure=taxon_page&id=2795&n... [Consultado em 31/5/2020]

Global Invasive Species Database GISD (2020) Pueraria montana var. lobata. Disponível: http://www.iucngisd.org/gisd/speciesname/Pueraria+montana+var.+lobata [Consultado em 31/5/2020]

Queensland Government Department of Employment, Economic Development and Innovation (2016). Fact Sheet on Pueraria montana var. lobata. Environmental Weeds of Australia for Biosecurity Queensland. DEEDI. Disponível: https://keyserver.lucidcentral.org/weeds/data/media/Html/pueraria_montan... [consultado em 31/05/2020]

Randall R P (2017). A Global Compendium of Weeds. 3rd Edition. Perth, Austrália Ocidental. ISBN: 9780646967493, 3356 pp.

The Bugwood Network (2019). Kudzu Pueraria montana (Lour.) Merr. Southeast Exotic Pest Plant Council Invasive Plant Manual. The Center for Invasive Species and Ecosystem Health at the University of Georgia College of Agricultural and Environmental Sciences and Warnell School of Forestry and Natural Resources. Disponível: https://www.se-eppc.org/manual/kudzu.html [Consultado em 31/5/2020]

The Plant List (2010). Pueraria lobata (Willdenow) Ohw. Version 1.1. Disponível: http://www.theplantlist.org/tpl1.1/search?q=Pueraria+lobata [Consultado em 31/05/2020]