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Pittosporum undulatum

Arbusto ou árvore perene, com folhas verde-escuro, flores brancas e frutos cor-de-laranja.

Nome científicoPittosporum undulatum Vent.

Nomes vulgares: árvore-do-incenso, pitósporo, pitósporo-ondulado, pau-incenso, incenseiro, falsa-árvore-do-incenso, incenso

FamíliaPittosporaceae

Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).

Nível de risco: 25 | Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.

Data de atualização: 04/09/2023.

Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã  "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização desta espécie onde a observar.

Avistamentos actuais da espécie: 
Família: 

Como reconhecer

Arbusto ou pequena árvore de até 15 m, com ritidoma cinzento.

Folhasperenespecioladasovadolanceoladasagudas, com 5-15 x 1,5-4 cm, glabras, de margem ondulada, alternas ou agrupadas na terminação dos ramos.

Flores: brancas, aromáticas, reunidas em cimeiras que se assemelham a umbelas.

Frutoscápsulas obovoides a subglobosas, glabras, com 2 valvas, cor-de-laranja quando maduras. Sementes cor-de-laranja envolvidas por mucilagem.

Floração: março a junho.

Espécies semelhantes

Pode confundir-se com o loureiro (Laurus nobilis L.), mas este tem aroma forte, bagas pretas e as folhas têm pecíolo mais curto e as margens não são onduladas. Mais raramente pode ser confundido com o folhado (Viburnum tinus L.), enquanto jovem, mas este apresenta tufos de pelos nas axilas das nervuras da página inferior.

 

 

 

Características que facilitam a invasão

Reproduz-se vegetativamente formando vigorosos rebentos de touça e raiz após o corte.

Também se reproduz por via seminal produzindo muitas sementes (até 37500 sementes/árvore), que são dispersas por animais, sobretudo por aves.

Área de distribuição nativa

Sudoeste da Austrália. 

Distribuição em Portugal

Portugal continental (Beira Litoral, Baixo Alentejo, Estremadura), arquipélago dos Açores (todas as ilhas), arquipélago da Madeira (ilha da Madeira).

Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.

 

     

Áreas geográficas onde há registo da presença de Pitosporum undultum

 

Outros locais onde a espécie é invasora

África do Sul, América Central (Cuba), América do Norte (México, EUA), Austrália, Europa (Espanha) e  Nova Zelândia.

Razão da introdução

Para fins ornamentais em jardins, arborização urbana e sebes.

Ambientes preferenciais de invasão

Áreas geridas (e.g., Mata Nacional do Bussaco, Serra de Sintra), onde foi plantada como ornamental, margens de vias de comunicação e locais ruderalizados.

Desenvolve-se bem à sombra, apesar de ser uma espécie de luz.

É pouco exigente quanto ao solo, crescendo bem no litoral e em terrenos calcários.

Impactes nos ecossistemas

Forma povoamentos densos impedindo o desenvolvimento de outras espécies.

As folhas contêm toxinas que podem impedir o desenvolvimento de outras espécies.

Impactes económicos

Custos elevados na aplicação de medidas de controlo.

Habitats Rede Natura 2000 mais sujeitos a impactes

– Florestas mistas de carvalho-alvarinho (Quercus robur), ulmeiro (Ulmus minor) e freixo (Fraxinus angustifolia) das margens dos grandes rios (91F0);
– Matagais arborescentes de loureiro (Laurus nobilis) (5230);
– Carvalhais ibéricos de carvalho-cerquinho (Quercus faginea) e e carvalho-da-Argélia (Quercus canariensis) (9240).

O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.

As metodologias de controlo usadas em Pittosporum undulatum incluem:

Controlo físico

Arranque manual: metodologia preferencial para plântulas e plantas jovens. Em susbtratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Deve garantir-se que não ficam raízes de maiores dimensões no solo.

Descasque: metodologia preferencial para plantas adultas com casca lisa, sem feridas. Fazer uma incisão em anel, contínuo, à volta do tronco, à altura que for mais confortável para o aplicador e remover toda a casca e câmbio vascular até à superfície do solo, se possível até à raiz. Deve realizar-se apenas quando o câmbio vascular estiver ativo o que pode variar de local para local; as melhores épocas para realização coincidem com temperaturas amenas e com alguma humidade.

Controlo químico

Injeção de herbicida: aplica-se a plantas adultas. Aplicação de herbicida diretamente no sistema vascular da planta através da realização de pequenos furos (com um berbequim) de ca. 10 cm de profundidade à volta do tronco da planta. Em cada furo aplicar imediatamente (impreterivelmente nos segundos que se seguem) herbicida (1 ml) com um esguicho. Os furos devem ser realizados à altura do tronco que for mais conveniente para o aplicador, num ângulo de ca. 45° (para evitar o escorrimento do herbicida) e com intervalos de 5-10 cm entre eles. O número de furos a realizar depende do diâmetro da planta.

Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).

Controlo físico + químico

Corte combinado com aplicação de herbicida: aplica-se a plantas adultas. Corte do tronco tão rente ao solo quanto possível e aplicação imediata (impreterivelmente nos segundos que se seguem) de herbicida (princípio ativo: glifosato) na touça. Se houver formação de rebentos, estes devem ser eliminados através de corte, arranque ou pulverização foliar com herbicida (princípio ativo: glifosato); até 25 a 50 cm de altura). Rebentos de maiores dimensões (a partir de 2-3 cm de diâmetro) podem ser descascados ou repetir a metodologia inicial (corte com aplicação de herbicida).

Fogo controlado

Pode ser utilizado estrategicamente com o objetivo de estimular a germinação do banco de sementes, e.g., após controlo dos indivíduos adultos (com a gestão adequada da biomassa resultante) ou para eliminação de plantas jovens. Tem como grande vantagem a redução do banco de sementes, quer destruindo uma parte das sementes quer estimulando a germinação das que ficam.

 

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta destas metodologias.

CABI (2012) Pittospotum undulatum. In: Invasive Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: http://www.cabi.org/isc/ [Consultado 6/11/2012].

Marchante H, Morais M, Freitas H, Marchante E (2014) Guia prático para a identificação de Plantas Invasoras em Portugal. Coimbra. Imprensa da Universidade de Coimbra. 207 pp.

Morais MC, Marchante E, Marchante H (2017) Big troubles are already here: risk assessment protocol shows high risk of many alien plants present in Portugal. Journal for Nature Conservation 35: 1–12

Pheloung PC, Williams PA, Halloy SR (1999) A weed risk assessment model for use as a biosecurity tool evaluating plant introductions. Journal of Environmental Management. 57: 239-251.

Silva L, Corvelo R, Moura M, Coello RM, Carvalho JA (2008) Pittosporum undulatum Vent. Br. In: Silva L, Land EO, Luengo JLR (eds) Flora e fauna terrestre invasora na Macaronésia. Top 100 nos Açores, Madeira e Canárias. Arena, Ponta Delgada, pp. 225-228.