Erva vivaz com bolbilhos, de caules azedos, folhas de “trevo” e flores amarelas.
Nome científico: Oxalis pes-caprae L.
Nomes vulgares: azedas, erva-pata, erva-canária, trevo-azedo, azeda, trevo-amarelo, erva-mijona.
Família: Oxalidaceae
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho).
Sinonímia: Acetosella abyssinica (Walp.) Kuntze; Acetosella cernua (Thunb.) Kuntze; Acetosella ehrenbergii Kuntze; Bolboxalis cernua (Thunb.) Small; Bulboxalis cernua (Thunb.) Small; Jonoxalis pes-caprae (L.) Small; Oxalis abyssinica Walp.; Oxalis biflora Burm.fil.; Oxalis burmanni Jacq.; Oxalis caprina Thunb.; Oxalis cernua Thunb.; Oxalis cernua f. microphylla Batt.; Oxalis cernua subsp. microphylla Batt.; Oxalis cernua var. namaquana Sond.; Oxalis cernua var. pleniflora Lowe; Oxalis concinna Salisb.; Oxalis dentata Eckl. & Zeyh.; Oxalis ehrenbergii Schltdl.; Oxalis erecta Savign.; Oxalis grandiflora Arechav.; Oxalis kuibisensis R.Knuth; Oxalis libyca Viv.; Oxalis lybica Willk. & Lange; Oxalis macrophylla Hornem.; Oxalis mairei Knuth; Oxalis mairei Knuth ex Engl.; Oxalis nutans Hill; Oxalis pes-caprae f. pleniflora (Lowe) Sunding; Oxalis pes-caprae var. pes-caprae; Oxalis pes-caprae var. pleniflora (Lowe) Blanco-Dios; Oxalis pleniflora Lanfr.; Oxalis rippae Mattei
Nível de risco: 24 | Valor obtido de acordo com um protocolo adaptado do Australian Weed Risk Assessment (Pheloung et al. 1999), por Morais et al. (2017), segundo o qual valores acima de 13 significam que a espécie tem risco de ter comportamento invasor no território Português | Actualizado em 30/09/2017.
Data de atualização: 28/08/2020
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Como reconhecer
Erva vivaz de até 40 cm, sem caules aéreos, com um bolbo profundamente enterrado emitindo um caule anual, ascendente, subterrâneo, provido de bolbilhos e duma roseta foliar à superfície do solo.
Folhas: com pecíolos longos, de até 17 cm, finos, de sabor azedo, com 3 folíolos com 10-22 X 19-41 mm, obcordiformes.
Flores: amarelas, por vezes dobradas, com 13-26 mm, reunidas em inflorescências semelhantes a umbelas com 4-19 flores.
Frutos: cápsulas ovoides que raramente amadurecem.
Floração: janeiro a abril.
Espécies semelhantes
Oxalis corniculata L. (trevo-azedo-bastardo), também de flor amarela, tem alguma semelhança mas tem caules aéreos bem desenvolvidos pelo que não se confunde.
Características que facilitam a invasão
Reproduz-se por via vegetativa, por bolbilhos. Oxalis pes-caprae produz muitos bolbilhos que facilmente se fragmentam e funcionam como o principal meio de dispersão.
Aumenta a sua distribuição rapidamente originando extensas áreas onde domina.
Área de distribuição nativa
África do Sul (Região do Cabo).
Distribuição em Portugal
Portugal continental (todas as províncias), arquipélago dos Açores (todas as ilhas), arquipélago da Madeira (ilhas da Madeira e Porto Santo).
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Oxalis pes-caprae
Outros locais onde a espécie é invasora
África do Sul, América do Sul, Ásia, Austrália, Europa Mediterrânica, oeste dos EUA (Califórnia) e Nova Zelândia.
Razão da introdução
Provavelmente para fins ornamentais.
Ambientes preferenciais de invasão
Terrenos cultivados e sítios descampados, sobretudo em solos argilosos.
Não suporta bem as geadas e temperaturas baixas, acabando por secar a parte aérea nessas condições.
É mais frequente como infestante agrícola, mas invade também áreas naturais, onde compete com as espécies nativas.
Impactes nos ecossistemas
Forma tapetes densos que podem impedir o desenvolvimento da vegetação nativa.
Impactes económicos
Diminuição da produtividade nas áreas de cultivo.
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de controlo usadas em Oxalis pes-caprae incluem:
Controlo físico
Arranque manual (metodologia preferencial): aplica-se a plantas de todas as dimensões. Em substratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção dos bolbilhos. Deve garantir-se que não ficam bolbilhos no solo de forma a impedir a reinvasão. Arrancar apenas as partes aéreas (ao puxar), pode contribuir para enterrar os bolbilhos ainda mais fundo pelo que se deve favorecer o arranque com ajuda de uma ferramenta para remover também os bolbilhos. Arrancar frequentemente, antes de haver tempo para formação de novos bolbilhos, acaba por enfraquecer a planta.
Solarização. Constitui uma alternativa ao arranque manual, sobretudo em áreas extensas invadidas pela espécie. Deve garantir-se que não há espécies nativas afectadas.
Controlo químico
Aplicação foliar de herbicida. Pulverizar com herbicida (princípio ativo: glifosato) limitando a aplicação à espécie-alvo. A aplicação de herbicida deve ser feita antes da floração, e nem sempre é eficaz já que os bolbilhos podem não ser afetados e originam novas plantas.
Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta destas metodologias.
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