Erva aquática, enraizada debaixo de água, emergente, com rizomas e caules eretos que podem atingir > 1 m, com folhas estreitas e compridas e grandes flores amarelas de 5 pétalas.
Nome científico: Ludwigia grandiflora (Michx.) Greuter & Burdet
Nome vulgar: ludevígia-de-flores-grandes, luísinha-de-flores-grandes
Família: Onagraceae
Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (anexo II do Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho) e a Lista da União (Reg. UE n.º 1143/2014).
Nível de risco: Em avaliação para Portugal. Atualizado em 31/07/2020.
Sinonímia: Ludwigia grandiflora (Michx.) Greuter & Burdet; Ludwigia grandiflora subsp. hexapetala (Hook. & Arn.) G.L. Nesom & Kartesz; Ludwigia uruguayensis (Cambess.) H. Hara.
Observação da Flora Ibérica: Zardini, Gu & Raven (Syst. Bot. 16 (2): 242-244 (1991)) afirmam que, dentro do que é chamado L. grandiflora –L. uruguayensis (Cambess.) H. Hara -, existem duas entidades morfologicamente reconhecíveis que correspondem a dois níveis de ploidia, hexa e decaplóide. Esses autores indicam que a planta introduzida na Europa seria decaplóide, denominada L. hexapetala (Hook. & Arn.) Zardini, Gu & Raven em Syst. Bot. 16 (2): 243 (1991) - Jussiaea hexapetala Hook. & Arn. em Hook., Bot. Misc. 3: 312 (1833) [n.v.] -. Contudo, as características morfológicas atribuídas a este último não são claras no material europeu visto, pelo que preferimos remeter o material introduzido na Península Ibérica, em sentido amplo, a L. grandiflora."
Data de atualização: 22/07/2023
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Como reconhecer
Erva perene, aquática, enraizada debaixo de água, emergente, com rizomas e 2 formas de crescimento: na primeira fase de crescimento, produz caules lisos ou com poucos pêlos que crescem horizontalmente sobre o solo ou a água, enraizando nos nós e produzindo raízes brancas e esponjosas; na segunda fase, os rebentos começam a crescer na vertical e dão flor; os caules tornam-se pubescentes, frequentemente com parte aérea de 40-80 cm, mas podem crescer > 1 m.
Folhas: alternas, estreitas e compridas, lanceoladas, de até 12 x 2 cm, frequentemente mais alongadas na segunda fase de crescimento, muito variáveis.
Flores: com 5 pétalas, amarela, com ca. 2,5 cm ø, solitárias nas axilas das folhas superiores, com pedúnculo ca. 2,5 cm.
Frutos: cápsulas com ca. 2,5 cm de comprimento, castanho-claras, com pelos e 40-50 sementes, com 1,5 mm de comprimento, embutida num endocarpo (parte que protege a semente) lenhoso.
Floração: julho a agosto, mas em condições de stress pode florir quase todo o ano.
Espécies semelhantes
Uma característica que a distingue da maioria das espécies com que pode ser confundida é o facto de ter folhas alternas e não opostas como a ludevígia-dos-pauis (Ludwigia palustris, nativa da Europa), as mentas (Mentha spp.), as salgueirinhas (Lythrum spp.) e as beldroegas (Portulaca oleracea). As formas aquáticas com as rosetas de folhas arredondadas flutuantes são as mais fáceis de reconhecer, mas também a forma como se desenvolve nas margens, com as suas flores amarelas são facilmente distintivas.
Ludwigia peploides (exótica, também parte da LNEI) pode ser facilmente confundida com L. grandiflora mas distingue-se pela forma de crescimento mais rastejante na fase terrestre (enquanto L. grandiflora cresce mais vertical) e porque tem flores (< 2,4 cm ø) menores. Adicionalmente, as sépalas de L. peploides são menores e de ápice mais obtuso, enquanto em L. grandiflora são maiores (12-16 mm) e terminam em ápice agudo.
Ludwigia peploides (1) e Ludwigia grandiflora (2) evidenciando detalhes das flores (imagem da esquerda) e dos cálices (direita).
Ainda que não sejam (ainda) referidas para Portugal, outras espécies de Ludwigia têm alguma semelhança pelo que a distinção é pertinente. Ludwigia repens (espécie exótica detetada em Espanha mas ainda não registada em Portugal) é também uma planta herbácea perene, com 20-80 cm, com caules flutuantes, verticais ou crescentes e por vezes flutuantes. Distingue-se por ter folhas com 20-60 x 6-24 mm, opostas (2 por nó), elípticas-lanceoladas a ovadas-rômbicas; e flores esverdeadas discretas (inconspícuas), sésseis ou com pedicelos minúsculos (2 mm). Ludwigia hyssopifolia (exótica comercializada como ornamental) é uma erva anual aquática, de caules emergentes, lenhosa na base e de posição ereta, sem nós de enraizamento e com a presença de pneumatóforos. Os caules são angulares e alados, com nervuras marcadas, profusamente ramificados e grandes no final de seu ciclo de vida. As folhas são de tamanho muito variável, de muito pequenas a 1-9 x 0,5-3 cm, lanceoladas, pecioladas, com base em forma de cunha e ápice acuminado, de subglabras a puberulentas e com tons castanho e nervuras marcadas. As flores são amarelas, sésseis (ao contrário das espécies Ludwigia peploides e Ludwigia grandiflora) e dispostas de maneira solitária nas axilas das folhas.
Características que facilitam a invasão
Dissemina-se muito rapidamente. As correntes de água podem gerar uma pressão de propágulos muito elevada facilitando a dispersão de fragmentos (via vegetativa) e sementes, especialmente em rios e ribeiras onde os propágulos podem ser arrastados pela corrente enraizando a jusante, originando uma nova planta e um novo foco de invasão. As sementes também são um meio importante de dispersão. Ainda que a época de floração (e posterior frutificação) seja no verão, em condições de stress podem produzir sementes quase todo o ano, sendo tolerantes a uma grande variedade de condições ambientais.
Principalmente os fragmentos, podem ser transportados por animais para novos locais, onde podem estabelecer novas populações. Desconhecem-se estudos que quantifiquem este tipo de propagação. É provável que a disseminação de Ludwigia spp. também ocorra na sequência de cheias em que plantas/ fragmentos são transportados para outros pontos do leito de cheia, incluindo e.g., afluentes ou pequenas massas de água, e se estabelecem.
O Homem é possivelmente o principal vetor de disseminação de L. grandiflora já que a espécie foi historicamente valorizada como ornamental.
Área de distribuição nativa
América do Sul, Central e do Norte, desde o Rio da Prata, na Argentina, até ao sul / sudeste dos E.U.A. Nos E.U.A., distribui-se principalmente ao longo da Costa Este, do sul do estado de Nova Iorque até à Flórida e daí, através da Planície Costeira do Golfo, até ao Texas. Relatórios recentes da planta da Califórnia e Washington indicam que a sua distrubuição pode estar a expandir-se.
Distribuição em Portugal
Portugal continental (Beira Litoral, Beira Baixa).
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o mapa do projeto invasoras.pt no iNaturalist/Biodiversity4all. Este mapa ainda está incompleto – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Ludwigia grandiflora [em atualização]
Outros locais onde a espécie é invasora
Europa (Espanha - sobretudo no Levante e na Catalunha, França, Itália, Reino Unido, Países Baixos, etc.), e também na Austrália.
Razão da introdução
A introdução das espécies em ambiente natural terá sido eventualmente acidental, provavelmente após uso como planta ornamental em lagoas e tanques de jardins. Em alguns locais do mundo refere-se também o seu uso para promover a pesca, uma vez que a vegetação enraizada cria um bom nicho para a desova de peixes.
Ambientes preferenciais de invasão
Coloniza sobretudo massas de água parada ou com pouca corrente como lagoas, lagos, charcas, remansos e margens de rios, valas, canais e arrozais, sobretudo em regiões de clima quente. Preferem solos húmidos, ácidos e ricos em nutrientes, mas tolera grande diversidade de condições, nomeadamente a seca estival. Ao longo do ano apresentam formas muito variáveis, desde quase desaparecer no inverno até formas flutuantes, de rápido crescimento que surgem na primavera e atingem o máximo crescimento e floração no verão.
