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Elodea nuttallii

Nova espécie: 

Erva aquática dióica submersa,  enraízada no fundo, com caules longos, delgados e ramificados; folhas 3-4 em cada nó e flores solitárias, brancas, no cimo de hastes muito finas. 

Nome científico: Elodea nuttallii (Planch.) H.St.John

Nome vulgar: elódea-de-nuttall

Família: Hydrocharitaceae

Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho) e a Lista de Espécies Exóticas Invasoras que suscitam preocupação na União Europeia (Reg. UE 1143/2014, de 22 de outubro).

Nível de risco: Em avaliação para Portugal.

Sinonímia: Anacharis nuttallii Planch.; Elodea columbiana H.St.John; Elodea minor (Engelm. ex Casp.) Farw.; Philotria minor (Engelm. ex Casp.) Small; Philotria nuttallii (Planch.) Rydb.; Udora verticillata var. minor Engelm. ex Casp.

Data de atualização: 24/08/2023

Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã  "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização desta espécie onde a observar.

 

Família: 

Como reconhecer 

Erva aquática dióica, submersa,  enraízada no fundo, com caules longos, delgados e ramificados; folhas 3-4 em cada nó e flores solitárias, brancas, no cimo de hastes muito finas. 

Folhas: 3 (mais raramente 4 ou 5) em cada nó, planas e finas, com 6 - 13 x 1,5 mm, verde escuras, finamente serradas, dobradas ao longo da nervura central e algumas recurvadas.

Flores: solitárias, pequenas, com até 8 mm Ø; brancas com aspecto encerado, na extremidade de longos pedicelos semelhantes a fios, até 20 cm; 3 pétalas e geralmente 3 sépalas. As flores masculinas são raras na Europa.

Frutos: aquénio com três ângulos, 1,5 mm, castanho escuro ou preto.

Floração: maio a agosto.

Espécies semelhantes
Elodea canadensis, também invasora, é muito semelhante mas tem folhas mais maiores [5-15 (20) x 1- 5 mm], e as de E. nutalli são dobradas ao longo da nervura central e recurvadas. Elodea nuttallii é geralmente menor e mais pálida do que E. canadensis e o seu caule costuma ser mais ramificado. Podem ocorrer naturalmente híbridos entre E. nuttallii e E. canadensis. Egeria densa também é semelhante mas é mais robusta e as folhas são ainda maiores (15-30mm) e 4-5 em cada nó; Lagarsiphon major, também semelhante, distingue-se por ter apenas 1 folha em cada nó, o que é mais fácil de observar quando se puxa a planta para fora de água..

Características que facilitam a invasão
Reproduz-se vegetativamente por fragmentação dos caules. Cada fragmento pode ser arrastado pela corrente e originar novos focos de invasão distantes da população original.

Também se reproduz por via seminal, embora seja menos frequente.

Área de distribuição nativa
América do Norte temperada, comum na maior parte dos EUA e no sul do Canadá.

Distribuição em Portugal

Não existem registos da sua ocorrência em Portugal, fora de cultivo (aquários).

Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.          

Outros locais onde a espécie é invasora
Quase toda a Europa Central e Ocidental, Japão, Austrália, Nova Zelândia e Chile.

Razão da introdução
Nos locais onde ocorre a introdução foi frequentemente acidental, provavelmente a partir de aquariofilia. Na Europa, a planta foi importada como planta ornamental de aquários, tanques charcos, e oxigenadora.

Ambientes preferenciais de invasão
Águas represadas ou lentas, ensolaradas. Não suporta a contaminação mas prefere águas algo eutróficas e calcárias (ou básicas). Em vários locais na Europa, a propagação de E. nuttallii resultou na substituição de E. canadensis. Noutros locais, E. nuttallii está a ser substituída por Lagarsiphon major.

Está presente em vários locais na Europa Central e Ocidental e tem potencial de disseminação para águas ainda não invadidas (incluindo em Portugal, onde se considera que esteja ausente) se continuar se for transportada pelo Homem. Espera-se que as restrições ao comércio e a implementação de medidas de biossegurança atenuem o nível de invasão.

Impactes nos ecossistemas
Nos locais onde invade tem impacte elevado na biodiversidade nativa, devido à sua capacidade de se espalhar rapidamente em sistemas aquáticos alterados ou criados pelo Homem, estabelecendo infestações densas, que reduzem o movimento da água, tapam a luz, produzem condições anóxicas e prendem sedimentos no sistema. Afastam a vegetação autóctone por competição e têm impacte sobre a fauna aquática, sobretudo de invertebrados, o que pode levar à sua extinção local. Esta espécie também pode ter impactes significativos em locais importantes em termos de conservação, pois a decomposição de plantas no final da estação de crescimento normalmente induz uma eutrofização secundária, levando à acumulação de produtos finais tóxicos para muitas plantas e animais.

Elodea nuttallii consegue substituir outras espécies invasoras e espécies autóctones dominantes num ecossistema invadido; substituiu E. canadensis em muitos locais devido ao aumento da eutrofização e, por sua vez, está sendo substituída por Lagarosiphon major.

Impactes económicos
Custos elevados na aplicação de medidas de controlo.
Onde se estabelece, pode formar tapetes monoespecíficos, submersos, excecionalmente densos (tal como Egeria densa e Lagarsiphon major), causando grandes problemas ao impedir o uso da água para fins profissionais e recreativos (bloquear tubos; sistemas de drenagem e comportas). Reduz a circulação da água, incluindo dificultar a navegação em canais e cursos de água.

Outros impactes

O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.

As metodologias de gestão e controlo usadas em Elodea nuttallii incluem:

Medidas preventivas
Limpeza/ lavagem cuidada de barcos, reboques e de outros equipamentos de navegação e/ou pesca de forma a prevenir que fragmentos e/ou sementes sejam dispersos dentro e para outras massas de água.

Como a planta está submersa, não sendo facilmente visível, a educação e a sensibilização dos cidadãos são necessárias para impedir a sua disseminação e estimular a aquisição de espécies de plantas de aquário sem potencial invasor para reduzir a procura por esta elódea.

Apostar no bom estado de conservação de ecossistemas aquáticos e no restauro dos que foram alterados/ intervencionados, ajudará a evitar o estabelecimento e a expansão da invasora.

Controlo físico
Corte: é mais eficaz realizado antes de julho e um segundo corte será necessário no final da época. No entanto, o corte muito cedo, a partir de meados de fevereiro, usando laminas ou correntes, limitará o crescimento e, se forem feitos tratamentos regulares durante o verão, a intervalos de 6 a 8 semanas, a biomassa máxima não será alcançada. Isso também limita a quantidade de material flutuante produzido. Durante as intervenções, é essencial evitar a propagação de fragmentos das plantas, por exemplo, criando filtros a jusante antes de qualquer tratamento mecânico. Todas as plantas removidas devem ser descartadas cuidadosamente para evitar a disseminação de fragmentos. Uma intervenção de remoção causa uma redução drástica da biomassa de E. nuttallii; duas intervenções podem causar desaparecimento quase total, principalmente se se conseguirem remover todos os fragmentos (o que pode não ser fácil).

Pode cortar-se ou arrancar-se antes da floração, para evitar a formação e dispersão das sementes, se for um local onde ocorrem plantas femininas e masculinas. Ainda assim, depois de remoção de plantas adultas femininas (produtoras de semente) é expectável que muitas sementes germinem, pelo que isso deve ser tido em consideração e devem ser assegurados controlos de continuidade. A sombra pode diminuir a germinação. Nos casos de invasões já estabelecidas (com formação de sementes), deve repetir-se a operação durante vários anos para esgotar o banco de sementes no solo.

Ensombramento: pode ser conseguido através da plantação de árvores nas margens dos corpos de água ou usando "telas" flutuantes de material opaco. Deve ter-se cuidado ao recorrer ao ensombramento com telas de forma a evitar desoxigenação repentina.

Controlo químico
É suscetível a alguns químicos, aplicados na primavera, antes de a planta crescer; que podem inibir a taxa de crescimento e diminuir o conteúdo de pigmentos fotossintéticos. Os melhores resultados em termos de redução da invasoras podem conseguir-se com uma combinação de controlo mecânico e químico, removendo o máximo possível da planta por meios mecânicos, após o final de junho e antes do final de agosto, e aplicando depois herbicidas antes do final de abril.

No entanto, não se recomenda a aplicação de químicos em meio aquático devido aos efeitos negativos que daí podem advir. Deve ser considerado como a última opção.

Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).

Controlo biológico

 

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.

CABI (2020) Elodea nuttallii. In: Invasive Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: www.cabi.org/isc [Consultado 31/05/2020].

Cirujano-Bracamonte S, Meco-Molina A, García-Murillo P, Chirino-Argenta M (2014) Flora acuática española. Hidrófitos vasculares. Real Jardín Botánico, CSIC, Madrid.

Diputación General de Aragón (2019) Elodea canadensis y Elodea nuttallii. Broza del Canadá, peste de agua (Hydrocharitaceae). In Gobierno de Aragón (ed.) La Flora Invasora en Aragón Invasara - Especies Exóticas Invasoras Aragón: 85-101. Disponível: https://www.aragon.es/documents/20127/674325/FLORA_ACUATICA.pdf/64be8895... [Consultado em 31/05/2020]

Millane M, Caffrey J, O’Flynn C (2016) Risk Assessment of Elodea nuttallii – submission for consideration of Union listing under EU IAS Regulation No. 1143/2014. Disponível: https://circabc.europa.eu/sd/a/a5597169-3774-4294-ab68-c3495546a5a6/Elod... [Consultado 31/05/2020].

Randall RP (2017) A Global Compendium of Weeds. 3rd Edition. Perth, Austrália Ocidental. ISBN: 9780646967493, 3356 pp.

Talavera-Lozano  S, Gallego-Cidoncha MJ (2010) Elodea Michx. In: Castroviejo S (ed) Flora Iberica - Plantas Vasculares de la Peninsula Iberica y de las Islas Baleares, Vol. XVII (HYDROCHARITACEAE): 36-38.  Real Jardín Botanico, C.S.I.C., Madrid.

The Plant List (2012) Elodea nuttallii (Planch.) H.St.John. Version 1.1. Disponível: http://www.theplantlist.org/tpl1.1/record/kew-309469 [Consultado em 31/05/2020]