Feto arbóreo que pode atingir os 15 m de altura e 25 cm de diâmetro com o caule coberto por raízes fibrosas castanhas; tem “folhas” muito recortadas incluindo “folhas” férteis e estéreis em camadas alternadas.
Nome científico: Dicksonia antarctica Labill.
Nome vulgar: feto-arbóreo-da-Tâsmania
Família: Dicksoniaceae
Estatuto em Portugal: espécie invasora nos Açores, presente na Madeira e sem registos fora de cultura no território continental.
Nível de risco: (em desenvolvimento)
Sinonímia: Balantium antarcticum (Labill.) C. Presl
Data de atualização: 16/08/2023 | Perfil elaborado pela Equipa do projecto LIFE+ Terras do Priolo.
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Como reconhecer
Feto arbóreo perene que pode atingir os 15 m de altura e 25 cm de diâmetro. O caule é espesso, ereto, não ramificado (ainda que possa ter rebentos na base) e coberto por raízes aéreas fibrosas, castanhas, e pela base das estipes persistentes mais junto à coroa. A base das estipes e o ápice do caule estão cobertos por pêlos castanho-avermelhados densos que podem ter até 4,5 cm. Apresenta crescimento lento (2,5 cm ao ano).
“Folhas”: frondes reunidas numa grande coroa, alternando camadas de frondes férteis e estéreis. Frondes de 2-4m, divididas 3 vezes, estreitas, diminuindo em cada extremidade; superfície superior coberta de pêlos, margens com dentes curvos (estéreis) ou lóbulos; nervura central coberta por pelos castanhos; estipes curtas e acastanhadas com uma densa pilosidade.
“Flores”: soros dispostos um em cada lóbulo das frondes com um indúsio composto por dois tecidos de dimensão semelhante.
Espécies semelhantes
É parecido com o feto-arbóreo-australiano (Cyathea cooperi (Hook. Ex F. Muell) Domin). Distingue-se por apresentar frondes com margens de dentes curvos cuja superfície está coberta de pêlos; estipes castanho escuro, curtas e volumosas e com pilosidades ao longo da base.
Dicksonia antarctica (à direita) apresenta as margens das frondes mais curvas do que Cyathea cooperi (à esquerda).
Características que facilitam a invasão
Os esporos dispersam facilmente e dão origem a novas plantas.
Área de distribuição nativa
Austrália e Tasmânia.
Distribuição em Portugal
Presente nos Arquipélagos dos Açores (ilha de São Miguel) e da Madeira (Ilha da Madeira). Invasor nos Açores.
Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.
Áreas geográficas onde há registo da presença de Dicksonia antarctica Labill.
Outros locais onde a espécie é invasora
É dada como naturalizada no Sri Lanka.
Razão da introdução
A introdução foi intencional para fins ornamentais em jardins e parques.
Ambientes preferenciais de invasão
Floresta de laurissilva, margens de linhas de água, ravinas, clareiras e bosques incenso e matas de criptoméria.
Embora legalmente não seja considerada invasora em Portugal, revela comportamento invasor em algumas localizações do Arquipélago dos Açores.
Impactes nos ecossistemas
A espécie forma manchas densas que rompem a estrutura, a abundância e sucessão dos ecossistemas que invade. Impede o desenvolvimento da vegetação nativa e reduz a diversidade de espécies por competição e recrutamento.
Impactes económicos
Potencialmente, custos elevados na aplicação de medidas de controlo.
Habitats Rede Natura 2000 mais sujeitos a impactes
– Florestas esclerófilas mediterrânicas ( Laurissilva macaronésica) (9360);
– Florestas endémicas de Juniperus (9560).
O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.
As metodologias de controlo usadas em Dicksonia antarctica incluem:
Controlo físico
Arranque manual: o método manual é a forma mais eficaz de controlo para plantas de reduzida dimensão. A extracção total da raiz e da planta requer mão-de-obra e tempo de trabalho, no entanto, é viável e aconselhável em locais de fácil acesso, com baixo perigo de erosão ou em pequenas manchas próximo de populações de espécies raras e em perigo. Os resíduos vegetais e fragmentos da planta devem ser transportados para aterro para evitar a sua regeneração.
Corte: o método mecânico é o mais recomendado com a utilização de retroescavadoras. É um método recomendado para plantas de grandes dimensões em locais de bons acessos. A planta deverá ser cortada ou arrancada com a raiz completa e intacta, mas é necessário ter especial atenção para não se danificar a fronde, que poderá voltar a rebentar. Os resíduos vegetais e fragmentos da planta devem ser transportados para aterro para evitar a sua regeneração.
Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.
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