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Microstegium vimineum

Nova espécie: 

Erva anual que se assemelha a uma pequena planta de bambu, podendo ser reconhecida pelas folhas em forma de lança verde pálida com uma distintiva nervura central prateada.

Nome científico: Microstegium vimineum (Trin.) A. Camus

Nome vulgar: —

Família: Poaceae (Graminae)

Estatuto em Portugal: integra a Lista Nacional de Espécies Invasoras (Anexo II, Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho) e a Lista de Espécies Exóticas Invasoras que suscitam preocupação na União Europeia (Reg. UE 1143/2014, de 22 de outubro).

Nível de risco: Em avaliação para Portugal. Atualizado em 31/07/2020.

Sinonímia: Microstegium vimineum var. imberbe (Steud.) Honda; Microstegium vimineum var. monostachyum (Franch. & Sav.) Nakai; Microstegium vimineum subsp. nodosum (Kom.) Tzvelev; Microstegium vimineum f. polystachyum (Franch. & Sav.) T.Koyama; Microstegium vimineum var. polystachyum (Franch. & Sav.) Ohwi; Microstegium vimineum var. vimineum; Microstegium vimineum f. willdenowianum (Nees) Osada; Microstegium vimineum var. willdenowianum (Nees) A.Camus;

Data de atualização: 04/09/2023

Ajude-nos a mapear esta espécie no nosso projeto de ciência cidadã  "invasoras.pt" no BioDiversity4All/iNaturalist. Contribua submetendo registos de localização desta espécie onde a observar.

 

Appearence: 

Como reconhecer
Erva anual de hábito disperso ou decumbente, com aspeto de pequeno bambu, geralmente de 0,6-1 m de altura.

Folhas: verde-pálidas, alternas, lanceoladas, de 2,5-7,5 cm de comprimento, assimétricas, com um nervura média prateada brilhante e descentralizada; páginas superior e inferior da folha levemente pubescentes.

Flores: minúsculas, discretas, ocultas nas axilas das folhas e/ou  expostas, com pelos, reunidas em cachos terminais de espiguetas emparelhadas que abrem e são polinizadas pelo vento.

Frutos: aquénio com 3 ângulos, 1,5 mm, castanho-escuro ou preto.

Floração: agosto a outubro.

Espécies semelhantes
As folhas lanceoladas (não lineares) e relativamente curtas distingue-a da maioria das gramíneas. As plântulas de M. vimineum assemelham-se a pequenas plantas de bambu (mas assim que cresce vê-se que os bambus são muito mais altos) ou de Polygonum spp. (e.g., Polygonum persicaria) as quais não tem nervura central prateada e têm flores brancas ou rosadas. A identificação incorreta destas espécies geralmente ocorre quando as plântulas de M. vimineum são pequenas e as folhas são largas, assemelhando-se nessa fase a pequenas plantas de bambu ou de Polygonum spp. Ao crescer a identificação torna-se mais fácil.

Características que facilitam a invasão
Propaga-se rapidamente devido à elevada produção de sementes e é capaz de competir com a vegetação nativa. Estabelece-se com mais sucesso em áreas em que pode usar a água como vetor de dispersão e, portanto, um aumento na taxa de propagação está associado a condições com alguma humidade, em oposição às condições secas. Áreas associadas a inundações e áreas com baixa inclinação ou colheita de madeira também são benéficas para a rápida disseminação de M. vimineum, cujos propágulos se propagam dessa forma.

Área de distribuição nativa
Japão, Coreias, China, Formosa, Vietname, Tailândia, Malásia, Filipinas, Butão, Índia e Federação Russa (Sibéria Oriental).

Distribuição em Portugal
Ainda não há registo de ocorrências em Portugal, em meio natural. Incluída na LNEI por fazer parte da Lista da União, sendo invasora em alguns países da Europa.

Para verificar localizações mais detalhadas e atualizadas desta espécie, verifique o projeto invasoras.pt que criamos no BioDiversity4All (iNaturalist). Estes mapas ainda estão incompletos – precisamos da sua ajuda! Contribua submetendo registos de localização da espécie onde a observar.

Outros locais onde a espécie é invasora
E.U.A. (Costa Leste e Midwest e estado associado de Porto Rico) e Costa Rica, Europa mediterrânica, Turquia, sul do Cáucaso e partes da China fora da faixa de distribuição nativa.

Razão da introdução
Nos países onde está presente a introdução foi acidental, provavelmente após importação para uso da planta como material de empacotamento; foi introduzido acidentalmente no Tennessee, E.U.A., em 1919, como material de embalagem usado para acondicionar figuras de porcelana, tendo desde então espalhado-se pela maior parte do leste dos Estados Unidos. Com a descoberta de M. vimineum na Turquia e no sul do Cáucaso, a Organização Europeia e Mediterrânea de Proteção de Plantas (EPPO) adicionou a espécie à sua Lista de Alerta em 2008 e a transferiu para a Lista de Plantas Exóticas Invasoras em 2012.

Ambientes preferenciais de invasão
Bermas de vias de comunicação, com alguma sobre e luz solar indireta, orlas de floresta, zonas húmidas florestadas, bosques húmidos, plantações florestais, margens de zonas húmidas com perturbação, várzeas, arrelvados, terrenos baldios, paisagens agrícolas e corredores ripícolas, cuja perturbação fornece uma fonte importante de propágulos capazes de colonizar novas áreas após a dispersão.

Impactes nos ecossistemas
Altera a estrutura das comunidades vegetais nativas, reduzindo a produtividade e a diversidade de espécies herbáceas, criando povoamentos quase monoespecíficos, que são altamente resistentes à recolonização por espécies nativas; pode afetar os ecossistemas através da exclusão competitiva e redução da disponibilidade de luz.
Pode alterar as composições microbianas dos solos e diminui a abundância e a riqueza de artrópodes em vários níveis tróficos.

Impactes económicos
Presume-se que a alteração implícita das reservas recreativas e de caça tenha um impacto económico, embora não haja estudos especializados.

Outros impactes
Alguns estudos nos EUA revelam que pode ter efeitos positivos em algumas comunidades de herbívoros e de borboletas.

O controlo de uma espécie invasora exige uma gestão bem planeada, que inclua a determinação da área invadida, identificação das causas da invasão, avaliação dos impactes, definição das prioridades de intervenção, seleção das metodologias de controlo adequadas e sua aplicação. Posteriormente, será fundamental a monitorização da eficácia das metodologias e da recuperação da área intervencionada, de forma a realizar, sempre que necessário, o controlo de seguimento.

Várias entidades públicas e privadas nos Estados Unidos e na União Europeia desenvolveram programas de deteção rápida e resposta rápida para lidar com a introdução, disseminação, controlo, educação (sensibilização pública) e gestão de M. vimineum. O restauro é muito complexo devido às alterações biológicas e físicas que a planta promove, e.g., altera as densidades de minhocas não nativas nos solos invadidos. Adicionalmente, as ações de restauro de M. vimineum aumentam o azoto disponível e isso favorece a invasão por outras espécies exóticas.

O controle e gestão de M. vimineum são difíceis porque as áreas invadidas são muitas vezes de grande dimensão e as sementes podem persistir no solo por vários anos no solo. O controlo integrado combinando métodos manuais, mecânicos, ambientais / culturais e químicos são úteis em graus variados no controlo de M. vimineum.

As metodologias de controlo usadas em M. vimineum incluem:

Controlo químico
Nas invasões em áreas com árvores ou topografia íngreme, os herbicidas seletivos são um dos métodos usados. O controlo deve ser dirigido para reduzir e erradicar de focos de invasão ao longo de estradas e outras áreas iluminadas pelo sol, que cortam as populações de ecossistemas ombrosos. Têm sido usados em alguns países os seguintes princípios ativos:
- O fenoxaprop-p-etil mostrou ser o melhor produto químico para controlar as populações de M. vimineum e manter a flora nativa do sub-bosque em povoamentos mistos de madeira no leste da América do Norte;
- O uso de herbicidas sistémicos com o princípio ativo glifosato, ou herbicidas como o ácido pelargónico que matam as plantas ou herbicidas específicos para ervas anuais, podem ser escolhas mais eficazes, notando que a sua aplicação em zonas húmidas deve obedecer à formulação rotulada para zonas húmidas.
- Há alguma investigação que sugere que invasões de M. vimineum podem ser controladas ou eliminadas usando herbicida específico para relva pós-emergente, seguido de uma aplicação de herbicida pré-emergente na primavera.

Devido à frequente toxicidade dos herbicidas para os invertebrados e outros organismos, incluindo plantas não alvo, não se recomenda a sua utilização nas situações próximas da água, onde há cultivo de alimentos, e outras áreas sensíveis. A sua utilização justifica-se no tratamento de casos de elevada gravidade e deverão sempre ser usados produtos comerciais homologados para uso nessas situações, respeitando a legislação da EU e nacional sobre a utilização de produtos fitofarmacêuticos e respeitando o meio, as espécies e as condições de aplicação (mais informação pode ser consultada no sistema SIFITO).

Controlo físico / mecânico
Arranque: sempre que possível, no caso de pequenas invasões, a planta pode ser removida de forma manual com algum sucesso.
Corte: uso de um cortador de relva ou de uma motorroçadora podem ser eficazes no caso de pequenas invasões e podem ajudar a reduzir a produção de sementes em áreas planas e facilmente acessíveis.

Controlo biológico

 

Visite a página Como Controlar para informação adicional e mais detalhada sobre a aplicação correta de algumas destas metodologias.

CABI (2020) Microstegium vimineum. In: Invasive Species Compendium. CAB International, Wallingford, UK. Disponível: www.cabi.org/isc [Consultado 31/05/2020].

EPPO (2014) Pest risk analysis for Microstegium vimineum. EPPO, Paris. Disponível: https://circabc.europa.eu/sd/a/3d478ef6-e87b-4345-9e6e-320226b54281/Micr... [Consultado em 31/5/2020]

Randall R P (2017) A Global Compendium of Weeds. 3rd Edition. Perth, Austrália Ocidental. ISBN: 9780646967493, 3356 pp.

Swearingen JM, Adams S (2000) PCAAlien Plant Working Group Fact sheet: Japanese Stilt Grass (Microstegium vimineum). Plant Conservation Alliance's Alien Plant Working Group. U.S. National Park Service, Washington, DC. Disponível: https://www.invasive.org/alien/fact/pdf/mivi1.pdf [Consultado em 31/5/2020]

The Plant List (2012) Microstegium vimineum (Trin.) A. Camus. Version 1.1. Disponível: http://www.theplantlist.org/tpl1.1/search?q=Microstegium+vimineum [Consultado em 31/05/2020]